Sexto clipe do multiartista pernambucano traz muita dança e vivências da comunidade LGBTQIA+ de Recife com sonoridade que mistura pop e pagodão baiano

“La Belle de Jour” é uma das canções mais famosas do cantor e compositor pernambucano Alceu Valença, retratando uma paixão pela “moça bonita da praia de Boa Viagem na tarde de um domingo azul” que ganhou o Brasil. Essa foi a inspiração para o multiartista, cantor e compositor independente Juan Guiã criar a faixa “La Belle Juju”, lançada em todas as plataformas digitais em fevereiro de 2024 e que também merece projeção nacional.

Ambas as músicas têm Recife como cenário e retratam o amor acontecendo em suas praias. Mas as semelhanças entre “de Jour” e “Juju” acabam por aí. Alceu explora o amor romântico, escrevendo um blues para uma moça de olhos azuis.

Juan canta o amor entre amigos e afetos casuais em uma outra perspectiva de Recife: a de jovens LGBTQIA+ que vivem em comunidades no centro da cidade e que compartilham os dias entre amigos. Conde da Boa Vista, bares da noite queer na famosa Rua das Ninfas do Recife Antigo e a Barraca do Pingo, na Praia do Pina, formam o cenário dessa história.

“Sou muito feliz de fazer o que eu faço. Hoje, com a música, consigo explorar um pouco de tudo que já fiz no teatro, em performance, em vídeo, na música, no palco e poder ser um instrumento do lugar onde eu vivo, das questões que são importantes de serem debatidas no todo. É o que para mim, faz sentido. ‘La Belle Juju’ é sobre nossas vivências. Sobre propor e imortalizar narrativas de um Recife que também é feito pela diversidade. Leve, quente, despretensioso e apaixonante”, afirma o cantor.

Com produção musical de Markim, “La Belle Juju” traz uma sonoridade pop misturada com pagodão baiano e timbres nordestinos e composição e interpretação de Juan Guiã. A canção faz parte do EP “Dimensão Cruzada”, que tem previsão de lançamento no início do segundo semestre de 2024.

Arte independente no Brasil

O videoclipe de “La Belle Juju”, lançado em 29 de fevereiro, tem roteiro do próprio Juan, que também assina a direção de arte, direção geral com assistência de Iyadirê Zidanes e Fanny França, direção de fotografia com Morgana Narjara e a coreografia, assistido por Deh Julio. A direção de produção é de Regina Guimarães e assinam a produção executiva Fanny França, Iyadirê Zidanes, Henri Farias e Regina Guimarães.

As funções acumuladas reforçam a versatilidade e as diversas e múltiplas facetas criativas de Juan. Mas também mostram a dura realidade de artistas independentes no Brasil que, sem recursos, se desdobram para se expressar em forma de arte. É este o tema, inclusive, do documentário “Arte de Dentro”, produzido por Juan Guiã e que aborda a arte independente pelo olhar de três artistas nordestinos.

“Para mim, viver a arte nunca foi uma decisão. Foi uma coisa que eu fui entendendo e aceitando, com o tempo, que aquilo fazia parte de mim, da minha força natural. E é por meio dela que eu respiro, que eu me movimento, que eu me curo”, conta Juan no documentário.

“No meu primeiro trabalho independente, eu entendi que eu estava sozinho na arte de criar, mas que ela também só aconteceria de forma coletiva. As pessoas vão se agregando porque elas têm coisas em comum a serem ditas. Reconheço a potência da arte independente de comunicar e transformar por meio do coletivo. Não é sobre ganhar algo. Existe uma força coletiva que faz com que aquele trabalho seja único”, diz o multiartista. “Ao mesmo tempo, é muito doloroso e sofrido fazer tudo de forma artesanal e limitada por não ter acesso à tecnologia e estrutura. Você não pode expandir e ir ao limite das suas potências porque não existe fomento e capital. Então, temos que criar da forma que dá”, desabafa.

A arte no Brasil é guiada pelo capital. Quem tem mais para investir, tem mais palco, literalmente. Enquanto isso, artistas independentes, como Juan, buscam encontrar seu espaço em um cenário em que as redes sociais moldam, até mesmo, a produção musical.O que faz um artista independente se destacar, são seus aspectos únicos e a qualidade do que cria, mesmo neste novo formato. Neste cenário, o cantor pernambucano aderiu aos vídeos curtos em 2021 e viralizou mostrando a rotina de sua janela na Boa Vista, o que inspirou as primeiras imagens de “La Belle Juju”. Para o lançamento do clipe, o cantor gravou um vídeo ensinando a coreografia que criou para “La Belle Juju” e publicou no Instagram e TikTok.

Arte engajada

A comunidade LGBTQIA+ não fica restrita somente à arte e às vivências do cantor. O Instituto Transviver, ONG que luta contra a LGBTfobia em Recife, foi fundada por Juan Guiã e sua mãe, Regina Guimarães, em 2018. A ONG também atua na busca por direitos e articulações políticas em prol da comunidade, vítima da desigualdade social na capital pernambucana. Na pandemia, o Transviver ajudou centenas de famílias de pessoas LGBTQIA+ fazendo entrega de cestas básicas, material de higiene pessoal e limpeza, máscaras, álcool gel e botijões de gás.

Como diretor cultural do instituto, Juan Guiã coordena projetos para a população LGBTQIA+ no Recife e promove a inclusão, formação e acesso da população a cursos de formação, inglês, supletivos, atendimentos psicoterapêuticos, aulas de dança e teatro, retificação de nomes e questões documentais, esportes etc. O coletivo ainda fundou o primeiro time de futebol de homens trans do Norte e Nordeste que leva o nome de Transviver Futebol Clube.

Juan acredita em arte com propósito. “Desde a criação do Transviver, coloco meu trabalho artístico, a expressão do que é mais verdadeiro em mim a serviço da comunidade LGBTQIA+, já tão maltratada pela sociedade”, conta. A renda conquistada pela música e clipe de “Bacurau”, um de seus últimos trabalhos, também foi revertida para o Transviver.

Ouça ‘La Belle Juju’ nas plataformas digitais e assista ao videoclipe no canal do cantor.

FICHA TÉCNICA:

Single LA BELLE JUJU: 
Criação, composição e interpretação: Juan Guiã
Produção Musical: Markim
Foto Capa: Morgana Narjara
Lettering: Vini Albuquerque
Edição e Cor: Guiã Criações
Locação: Estúdio Arca

Clipe LA BELLE JUJU: 
Criação, Roteiro, Direção, Edição e Colorização: Juan Guiã
Assistente de Direção: Iyadirê Zidanes e Fanny França
Captação: Morgana Narjara
Still: Luiz Felipe Bessa
Ilha de Montagem: Colibri Audiovisual
Direção de Fotografia: Juan Guiã e Morgana Narjara
Assistência de fotografia: Henri Farias
VFX: VMK Audiovisual
Lettering: Vini Albuquerque
Direção de arte: Juan Guiã
Locação: Arca Studio
Coreografia: Juan Guiã
Assistente de Coreografia: Deh Julio
Bailarines: Clarear, Deh Julio, Cesar Sales, Victor Vicente, Soly, Merson
Atores: Giovanni Costa, Henri Farias, Zendo, Lil Blessed, Kleibson Barros, Adriely
Hermogenes, Iyadirê Zidanes e Fanny França.
Styling: Guiã Atelie
Sungas e Biquines: Prainha Zero 81
Direção de Produção: Regina Guimarães
Produção Executiva: Fanny França, Iyadirê Zidanes, Henri Farias e Regina Guimarães
Assessoria de Imprensa: Fred Queiroz
Apoio: Instituto Transviver, Clube Metropole, Prainha Zero 81, Colibri Audiovisual, VMK
Audiovisual, Arca Studio, Ateliê Rosa Plants, Pajubar e Viaja Bi!.

Sobre Juan Guiã:
Cantor, compositor, bailarino, ator, performer, umbandista e feminino, traz suas vivências para a música resgatando referências sonoras regionais pernambucanas e trazendo a batida eletrônica com a organicidade da percussão criando um pop atual e originalmente brasileiro, em canções como Despacho, Libera a Raba, Sozinho no Mar, Bacurau e Te Alma. Fez shows no Sesc, Museu da Imagem e do Som (SP), Parada LGBT+ de SP e Recife, além de show de abertura para Luisa Sonza e Pabllo Vittar. Encontre Juan Guiã no YouTube, Instagram, Facebook e Twitter/X. Escute no Spotify.

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